Retrospectiva 2025 no agronegócio no Brasil e no mundo: o que os números revelam

O ano de 2025 foi marcado por recordes nas exportações do agronegócio, por perdas bilionárias causadas por eventos climáticos extremos e por um avanço acelerado da agenda de rastreabilidade e conformidade socioambiental.
Mais do que um balanço de safra, os números de 2025 mostram como produção, clima e regulação passaram a caminhar juntos nas decisões de quem produz, financia e compra alimentos no Brasil e no mundo.

Este artigo reúne os principais dados do agronegócio em 2025 e aponta o que eles indicam sobre o futuro do setor.

1. Números do agronegócio brasileiro em 2025

Entre janeiro e outubro de 2025, as exportações do agronegócio brasileiro somaram 141,97 bilhões de dólares, alta de 1,4 por cento em relação ao mesmo período de 2024. As importações de produtos agropecuários ficaram em 17 bilhões de dólares, o que resultou em um superávit de 124,97 bilhões de dólares no período.

Em outubro, o setor registrou recorde histórico para o mês, com 15,49 bilhões de dólares exportados e saldo de aproximadamente 13,7 bilhões de dólares na balança agrícola.

Julho também foi forte. As exportações do agronegócio alcançaram 15,6 bilhões de dólares, crescimento de 7,2 por cento em relação a junho e de 1,47 por cento frente a julho de 2024.

Esses números consolidam o agronegócio como pilar da balança comercial brasileira e evidenciam a dependência do país em relação ao desempenho do campo.

2. Soja em patamar recorde

A soja manteve o Brasil na liderança mundial. As projeções para 2025 indicam exportações de 110 milhões de toneladas, crescimento de cerca de 13 por cento em relação ao volume do ano anterior, que ficou em 97,3 milhões de toneladas.

Para a safra 2025 2026, estimativas apontam produção de 177,2 milhões de toneladas de soja, aumento de 2,5 por cento em comparação com a safra recorde de 2024 2025.

Em meses específicos, o ritmo também impressiona. Em setembro de 2025, as exportações de soja foram estimadas em 7,53 milhões de toneladas, acima das 5,16 milhões de toneladas registradas em setembro do ano anterior.

A combinação de oferta elevada, câmbio favorável e demanda consistente de países como China ajudou a manter a oleaginosa como protagonista na pauta de exportações do Brasil.

3. Milho sob influência da demanda interna

O milho continuou relevante nas exportações, mas com dinâmica diferente.
Projeções para 2025 indicam exportações em torno de 41 milhões de toneladas, ainda acima das 37,8 milhões de toneladas de 2024, mas abaixo das expectativas iniciais.

A justificativa está na demanda interna aquecida, puxada por produção de proteína animal e por projetos de biocombustíveis. Em novembro, o Brasil havia embarcado 27,38 milhões de toneladas de milho, cerca de 68,5 por cento da meta de 40 milhões de toneladas então projetada pela companhia nacional de abastecimento.

Esse cenário reforça o papel do milho como elo entre o mercado de grãos, o setor de carnes e a matriz energética renovável.

4. Proteína animal: frango e carne suína em alta

Em 2025, o Brasil continuou a se consolidar como grande fornecedor global de proteína animal.

As exportações de carne de frango devem aumentar até 0,5 por cento, chegando a 5,32 milhões de toneladas, mesmo após episódios pontuais de gripe aviária. A produção de frango deve alcançar 15,3 milhões de toneladas em 2025 e 15,6 milhões de toneladas em 2026.

Na carne suína, as perspectivas também são favoráveis. As exportações podem crescer até 10 por cento, atingindo 1,49 milhão de toneladas em 2025. A produção deve subir 4,6 por cento, alcançando 5,55 milhões de toneladas.

Com esses números, o Brasil reforça sua posição entre os maiores fornecedores globais de proteína de frango e se aproxima das primeiras posições no mercado internacional de carne suína.

5. Clima extremo e perdas no campo

Enquanto alguns países registraram recordes de exportação, outros enfrentaram perdas expressivas devido ao clima.

No Reino Unido, agricultores de grãos sofreram perdas estimadas em 828 milhões de libras em 2025, por causa de um dos piores resultados de safra em muitos anos, ligados a seca intensa e calor recorde. A produção dos cinco principais cultivos de grãos caiu cerca de 20 por cento em relação à média de 10 anos.

Esse dado se soma a perdas acumuladas de 2,3 bilhões de libras em eventos climáticos extremos ao longo da década, o que evidencia a pressão crescente sobre sistemas agrícolas em regiões temperadas.

O contraste entre o crescimento brasileiro e as perdas em países desenvolvidos mostra como o risco climático passou a ser variável central na discussão sobre segurança alimentar e planejamento de produção.

6. Comércio internacional e regulação

No plano global, 2025 manteve o debate sobre cadeias livres de desmatamento e sobre rastreabilidade de produtos agrícolas. A União Europeia avançou na implementação de sua regulamentação de desmatamento zero, conhecida como EUDR, com exigências diretas para cadeias de soja, carne bovina, cacau, café, madeira e derivados.

Mesmo com discussões sobre ajustes de cronograma, a sinalização foi clara. Exportadores que não conseguirem comprovar origem georreferenciada e ausência de desmatamento após a data de corte definida terão mais dificuldades para acessar o mercado europeu.

Esse movimento regulatório se combina com uma agenda crescente de finanças sustentáveis. Relatórios sobre financiamento climático indicam alta no volume de recursos destinados a agricultura de baixo carbono e a projetos de adaptação, especialmente em países em desenvolvimento.

Em conjunto, esses fatores mostram que os números de produção e exportação precisam vir acompanhados de dados robustos sobre território, uso da terra e cumprimento de critérios socioambientais.

7. Conclusão: o que os números de 2025 sinalizam

A retrospectiva de 2025, observada por meio dos números, revela um agronegócio brasileiro com resultados expressivos em produção de grãos, proteína animal e saldo comercial. Ao mesmo tempo, revela um sistema alimentar global mais exposto a riscos climáticos e a exigências de rastreabilidade e conformidade.

Exportações de 141,97 bilhões de dólares, soja em 110 milhões de toneladas, milho em torno de 41 milhões de toneladas, frango em 5,32 milhões de toneladas e carne suína em 1,49 milhão de toneladas não contam a história completa. Elas precisam ser lidas junto com perdas de 828 milhões de libras em uma única safra no Reino Unido e com bilhões de dólares em risco em cadeias sujeitas a novas regras.

O agronegócio entra nos próximos anos com uma mensagem clara. Produção, comércio e rentabilidade permanecem centrais. Porém, estarão cada vez mais condicionados à capacidade de antecipar impactos do clima, garantir rastreabilidade e dialogar com uma agenda global de sustentabilidade baseada em dados.

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